segunda-feira, 8 de julho de 2013

As mulheres dos Mendonça

Bom dia pessoal,


O documento que compartilho com vocês hoje foi encontrado pelo amigo Ismael Silva, que é um verdadeiro garimpeiro, vive encontrando coisas preciosas escondidas. Trata-se  do trecho  de um livro disponibilizado no site da prefeitura de Cristina-MG. Pelo que pude entender, é a versão digital do livro de uma memorialista local chamado Luiz Barcellos de Toledo cujo título é "O Sertão da Pedra Branca".
Confesso que é um documento do qual ainda não tenho maiores informações: ainda não sei a qual filha do casal se refere, e ainda não encontrei formas de encontrar o processo citado no texto. Caso alguém tenha alguma informação que possa me ajudar na procura, por favor, deixe nos comentários.


Um abraço,

Mayara.



“Sobre a família Mendonça da qual descendiam as esposas de José Carneiro Santiago, Luiz Barcellos diz: “...convém contar que a família Mendonça era muitíssimo brava, homens e mulheres primavam pelo gênio irascível e martirizavam com muita crueldade os seus infelizes escravos. Entre eles destacava-se a segunda mulher de José Carneiro Santiago D. Ana Vitória de Mendonça,senhora de um gênio extremamente violento, casando-se novamente depois da morte de seu primeiro marido, com Francisco da Mota Paes, homem também muito brutal e falto de educação, viveram sempre em desarmonia e mais de uma vez ela foi castigada fisicamente e com muito rigor pelo bruto marido. Desse casal descende uma fera, uma das mulheres mais malvadas que se tem conhecido. Foi casada com um homem muito bom, honrado e trabalhador, que ela dominava inteiramente. Esta mulher que tinha escravos, matava-os a fome e martírio. Contavam os vizinhos que para castigar os negrinhos por qualquer travessura própria da idade, ou para castigar a mãe na pessoa do filho, amarrava-os nos postes do curral e nos mourões da cerca da fazenda, as pobres crianças, completamente nuas, besuntados de melado feito de caldo de cana-de-açúcar, pois eles eram fabricantes de rapadura, e exposta ao sol que queimava a fim das abelhas, marimbondos e outros insetos procurando o mel no corpo das crianças as martirizavam com seus aguilhões, espicaçando-os. Outras vezes castigando com pancadas as escravas, se estas desesperadas com o sofrimento procurasse com a fuga cessar o padecer, ela que era uma mulher viril, imediatamente soltava dois ou mais cães de fila que mantinha presos em correntes, e as escravas eram dilaceradas pelos cachorros até que fossem amarradas novamente. Diziam que mais de uma escrava assim perdeu a vida. Esta mulher má era extremamente ciumenta do marido, que, no entanto era muito virtuoso, e a maior parte do mal que fazia aos escravos era por ciúmes mal fundados. Conta-se que nascendo de uma escrava uma criança um pouco mais clara que os outros, julgou com seu ciúme excessivo que era bastardo de seu marido e pegando a criancinha a colocou debaixo de uma bacia de banho, cuja borda foi ajustada no pescoço da pobrezinha, ficando a cabeça para fora e o corpo dentro, e a malvada assentou-se em cima da bacia estrangulando em poucos segundos a sua vítima. Ameaçaram de denunciá-la à justiça, mas sendo ela da principal família do lugar, ninguém quis arriscar-se a odiosidade dessa família poderosa. Passados poucos anos nova vítima caiu nas garras dessa mulher perversa; uma pobre escrava, ainda por ciúmes mal fundados, foi castigada com grande rigor e queimada toda, principalmente nas partes pudorosas. Esta morrendo, foram enterrar em Cachoeira, distrito do Paraíso. Mas desta vez, o povo indignado denunciou à justiça a criminosa. Quiseram abafar o crime, mas o clamor foi muito forte e as autoridades do Paraíso foram obrigadas a mandar fazer exame na escrava que já havia há 8 dias estava enterrada. Um moço muito distinto, honrado, bom médico Dr. Targino Otoni fez a autópsia e reconheceu o crime e a hediondez do delito. Ela foi à barra do tribunal e gastou muito dinheiro saindo livre. Portou-se no júri com uma altivez e soberba que admirou o auditório. Voltou para a fazenda e em seguida veio a liberdade dos escravos. Essa mulher forte, orgulhosa e rica caiu acabrunhada pelo remorso e em pouco tempo morreu na maior degradação possível, sofrendo mais, muito mais que suas vítimas.”



O texto na íntegra você encontra aqui.

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